TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Geração Canguru
Gilberto Dimenstein
Ao mapear novas tendências de consumo no
Brasil, publicitários acreditam ter detectado a "Geração Canguru".
São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm entre 25 e 30 anos de idade e vivem
na casa dos pais. O interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumidores
com alto poder aquisitivo.
Ainda na "bolsa" da mãe, eles
mostram que mudaram as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssimo
tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na casa dos pais, seria visto
como uma anomalia, suspeito de algum desequilíbrio emocional que retardou seu
crescimento.
O efeito "canguru" revela que pais
e filhos estão mutuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes de lidar com
suas diferenças. Para quem se lembra dos conflitos familiares do passado,
marcados pelo choque de gerações, os "cangurus" até sugerem um grau
de civilidade. Não é tão simples assim.
Estudos de publicitários divulgados nas
últimas semanas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco saudável – dessa
relação familiar. Por trás das frias estatísticas sobre tendência do mercado, a
pergunta que aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais ricos
estão paparicando a tal ponto seus filhos que produzem indivíduos com baixa
autonomia?
Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e
filhos, no Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que 82% das crianças
e dos adolescentes influenciam fortemente as compras das famílias. A pressão é
especialmente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo os
pesquisadores, empregam cada vez mais a estratégia das birras públicas para
ganhar, na marra, o objeto de desejo.
Com medo das birras, as mães tentam, segundo
a pesquisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, especialmente nos
supermercados, mas, muitas vezes, acabam cedendo. Os responsáveis pelo
levantamento da InterScience atribuem parte do problema ao sentimento de culpa.
Isso porque, devido ao excesso de trabalho, os pais ficam muito tempo longe de
casa e querem compensar a ausência com presentes.
Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem
da Abril detectou que muitos dos novos consumidores vivem uma ansiedade tamanha
que nem sequer usufruem o que levam para casa. Já estão esperando o produto que
vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que nunca usaram, nem mesmo
uma vez, roupas que adquiriram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos comprados
recentemente porque já estariam defasados.
Psicólogos suspeitam que essa atitude seja
uma fuga para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas, em parte, pela
falta de limite. Imaginando-se modernos, pais tentam ser amigos de seus filhos
e, assim, desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o conflito. O
resultado é, no final, uma desconfiança, explicitada pelos entrevistados, ainda
maior em relação aos adultos.
Outro estudo, desta vez patrocinado pela
MTV, detectou um início de tendência entre os jovens de insatisfação diante de
pais extremamente permissivos. Estão demandando adultos mais pais do que
amigos. Para complicar ainda mais a insegurança das crianças e dos
adolescentes, a violência nas grandes cidades leva os pais, compreensivelmente,
a pilotar os filhos pelas madrugadas, para saber se não sofreram uma violência.
Brincar nas ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando a formar seres
obesos, presos ao computador.
Há pencas de estudo mostrando como a
brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore, ajuda a
desenvolver a criatividade, o senso de autonomia e de cooperação. É um espaço
de estímulo à imaginação.
Todos sabemos como é difícil alguém
prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito se estuda
sobre a importância da resiliência – a capacidade de levar tombos e levantar
como um elemento educativo fundamental.
Professores contam, cada vez mais, como os
alunos não têm paciência de construir o conhecimento e desistem logo quando as
tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre outras razões, os alunos
decepcionam-se rapidamente na faculdade que exige mais foco em poucos assuntos.
Os educadores alertam que muitos jovens têm
dificuldade de postergar o prazer e buscam a realização imediata dos desejos;
respondem exatamente ao bombardeamento publicitário, inclusive na ingestão de
álcool, como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propagandas de cerveja neste
verão. Daí o risco de termos "cangurus" que fiquem cada vez mais na
bolsa (e no bolso) dos pais.
P.S. – Em todos esses anos lidando com
educação comunitária, posso assegurar que uma das melhores coisas que as
escolas de elite podem fazer por seus alunos é estimulá-los ao empreendedorismo
social. É um notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se em asilos,
creches e favelas os limites e as carências. Conheci casos e mais casos de
alunos problemáticos que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação comunitária
e passaram, até mesmo, a valorizar o aprendizado curricular.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm
1.
(Ufjf) Leia novamente:
“São jovens bem-sucedidos profissionalmente,
têm entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O interesse neles é
óbvio: compõem um nicho de consumidores com alto poder aquisitivo.”
a) Com base na leitura do
texto, identifique 3 fatores que justificam o fato de esses jovens apresentarem
alto poder aquisitivo.
b) Qual é a função
sintático-semântica do uso dos dois pontos na última oração do período acima
destacado?
Resposta:
a) Trata-se de jovens
bem-sucedidos profissionalmente, que pertencem a uma classe social sem
problemas econômicos e que, apesar de adultos, ainda não moram em espaço
próprio. A ausência de responsabilidades com a sobrevivência do cotidiano,
facilitada pelo excessivo protecionismo de pais, permite que grande parte do
salário, auferido pelo bom desempenho profissional, seja direcionado para a
aquisição de produtos oferecidos constantemente em propagandas.
b) O emprego dos
dois-pontos é usado para indicar que tudo o que estiver adiante dele detalha ou
explica a frase anterior.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
PRIMEIRO
ATO
Amelinha -
(Virando-se para a mãe) 6Edmundo está inocente. Sem culpa.
Valdelice
- (Fazendo-a calar) Não repita 30essa asneira. (Pausa) 13Temos
de pressioná-lo, minha filha. 14Você não tem idade para perceber a
ruindade dos homens. Você foi 12se-du-zi-da.
Amelinha -
(Sentando-se) 3Seduzida?! Mas eu sei que não é verdade!
Valdelice
- A história tem de ser diferente... Trate de se convencer 31disso.
[...]
Amelinha -
9Não me sinto bem em dizer o que não fiz...
Agente -
Aprenda 21a primeira lição: 2às vezes a verdade não é a
que se conhece, mas a outra... (Pausa) É ir por mim. (Notando o laço de fita da
moça) Pra que este laço?
Amelinha -
Foi ideia da mamãe.
Valdelice
- Não a quero desgraciosa diante da autoridade.
Agente -
(Compenetrado) Nada de 1lacinho de fita! Você não é anjo de
procissão. (Tom) Quem perde a honra não se interessa por enfeite. (Ríspido) 15Tire-o.
Amelinha -
(Indecisa) 10Mas eu... eu...
Agente - (Arrebata-lhe
o laço) Bobagem! (Pausa). 22Retire também 35o ruge, o
batom... 28Tenho de prepará-la
para impressionar o delegado, o juiz,
todo mundo. Do contrário, ninguém defenderá você. (Tom) Assanhe os cabelos.
SEGUNDO
ATO
Benedito -
29(À Amelinha, que continua assustada, mas impressionada com a
situação que vive). Então, você acabou sendo enganada? (Ela aquiesce) 11Levou-a
no caminhão da entrega sistemática, não foi? (Ela confirma) Vá ver que era um
caminhão Ford. (Ao Permanente) Ford! A influência nefasta do capitalismo
internacional! (Pausa) E os botijões? Balançavam? Sacudiam? (Pausa) Estavam
cheios... ou vazios?
Amelinha -
(Num sopro) Vazios...
Benedito -
(Eufórico) Vazio! (Pausa, em explosão) Vibravam, não? (Dramatizando) Imagino
como não eram ruidosos! (T) Tática de cinema americano, "noir", de
péssima qualidade. (Pausa) E o carro? Corria veloz? E você, gritava?
Amelinha -
(Voz débil, a confirmar) Gritava.
[...]
Benedito -
(A Amelinha) Então estavam vazios os botijões (Ela concorda) Vazios... E o
carro corria, em disparada, não? (Ela aquiesce) E fazia aquele ruído...
Amelinha -
(Que vai aderindo, qual participasse de um jogo...) 4Um ruído
terrível...
Benedito -
Ah, eu imagino! (T.) 26E o seu desespero? Hem, moça?
Amelinha -
Ah, como eu sofri dentro do caminhão...
Valdelice
- (Surpresa, à filha) Você nunca me falou antes em caminhão. Que carro é esse?
Amelinha -
(Indiferente) O caminhão, mãe... Caminhão Ford.
[...]
Benedito -
25E depois? Hem? Depois?
Amelinha -
(Enlevada, mais fantasiosa) Ele me apertava em seus braços fortes, sem mais
querer me soltar. (Tom) Meu Deus, era bom, mas eu sofria. (Pausa) Eu me sentia
tonta, desfalecida, principalmente pelo som infernal dos botijões... E por cima
de tudo, eu tinha medo de morrer.
Benedito -
(Animando-a) Mais, mais, vai para a primeira página.
Amelinha -
Paramos num lugar distante, como se diz mesmo? ... ermo... (Pausa) Onde era? Onde?
Ainda hoje me pergunto, sem resposta... (Pausa. T.) Nem sei direito. 23Mas
sei que havia uma árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e...
acho que havia também uma cabana. Um velho pescador estava sentado, longe,
longe, numa pedra...
Valdelice
- 17Minha filha, você está descrevendo o calendário da sala de
jantar!
[...]
Benedito -
E depois, e depois?
Amelinha -
7Ele começou a puxar o zíper do meu vestido.
Valdelice
- 18Mas você não tem vestido de zíper!!!
Benedito -
Vá contando, me agrada! É matéria de primeira página.
Amelinha -
8Por fim, rasgou minha combinação de "nylon".
Valdelice
- "Nylon"?! Você nunca usou 32isso!
[...]
Valdelice
- (Como se tudo fosse um sonho) Agora que você está mais calma, me diga mesmo
como é a história do caminhão, dos botijões vazios... Onde você conseguiu 33tudo
isso?
Amelinha -
E eu sei, mamãe?! 27Simpatizei com o moço, e dei de imaginar tudo.
(Pausa. T) Será que o meu retrato vai sair bonito no jornal?
[...]
Edmundo -
(Principia a falar com indecisão, procurando achar as palavras) 24Amelinha,
eu... queria que você compreendesse... Por favor, 16conte ao
Delegado o que em verdade se passou 19entre nós dois... Sei que você
é direita... (Pausa) Fale.
Amelinha -
(Em tom indefinido, como se na verdade vivesse outro personagem) 5Será
que você já esqueceu?
Edmundo -
Esqueceu o quê? Não compreendo.
Amelinha -
Oh, Edmundo... Vocês, homens, esquecem tão ligeiro!
Edmundo - 20Mas
não esqueci nada! Lembro que você me chamou à sua casa. E me abraçava, me
queria... E eu então não pude resistir.
[...]
Amelinha -
Oh, ao menos hoje, não seja cínico! O caminhão, os botijões vazios! Vamos, não
diga que não se lembra! Você me carregou, eu não queria... Me convidou para ver
os enfeites da boleia, e, de repente, acionou o motor, partiu veloz. Ah. Foi
quando eu gritei, gritei: 34Não faça isso. Edmundo! Pare! Pare! E
você correndo, nem me deu atenção!
Edmundo -
(Ao Delegado) Isso não! Ao menos a verdade!
CAMPOS, Eduardo. A donzela desprezada. In:________. Três peças escolhidas. Fortaleza: Edições UFC, 2007, p.187-221.
2. (Ufc) A VÍRGULA também é empregada para isolar adjuntos adverbiais. Com base
nesse conhecimento, transcreva, da fala de Benedito, uma frase em que a vírgula
está empregada para isolar um adjunto adverbial de modo.
Resposta:
"E
o carro corria, em disparada, não?"
3. (Puc-rio) a) Reescreva duas vezes a segunda oração do período a seguir,
substituindo o verbo "VIVER" por cada um dos seguintes verbos:
I)
lidar
II)
depender
"Ele é nossa principal
tecnologia social, por meio da qual vivemos hoje."
b)
Pontue o período a seguir, empregando apenas um sinal de vírgula e um de dois
pontos.
É aquela velha história se você
coloca coisas caras em casa vai precisar pôr trancas nas portas e grades nas
janelas.
Resposta:
a)
I)
..., com a qual lidamos hoje.
II)
..., da qual dependemos hoje.
b)
É aquela velha história: se você coloca coisas caras em casa, vai precisar pôr
trancas nas portas e grades nas janelas.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Na Idade Média, no início dos tempos
modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças
misturavam-se com os adultos assim que eram consideradas capazes de dispensar a
ajuda das mães ou das amas, poucos anos depois de um desmame - ou seja,
aproximadamente, aos sete anos de idade. A partir desse momento, ingressavam
imediatamente na grande comunidade dos homens, participando com seus amigos
jovens ou velhos dos trabalhos e dos jogos de todos os dias. O movimento da
vida coletiva arrastava numa mesma torrente as idades e as condições sociais,
sem deixar a ninguém o tempo da solidão e da intimidade. Nessas existências
densas e coletivas, não havia lugar para um setor privado. A família cumpria
uma função - assegurava a transmissão da vida, dos bens e dos nomes - mas não
penetrava muito longe na sensibilidade.
(...)
A família moderna retirou da vida
comum não apenas as crianças, mas uma grande parte do tempo da preocupação dos
adultos. Ela correspondeu a uma necessidade de intimidade e também de
identidade: os membros da família se unem pelo sentimento, o costume e o gênero
de vida. As promiscuidades impostas pela antiga sociabilidade lhes repugnam.
Compreende-se que essa ascendência moral da família tenha sido originariamente
um fenômeno burguês: a alta nobreza e o povo, situados nas duas extremidades da
escala social conservaram por mais tempo as boas maneiras tradicionais, e
permaneceram indiferentes à pressão exterior. As classes populares mantiveram
até quase nossos dias esse gosto pela multidão. Existe portanto uma relação
entre o sentimento da família e o sentimento de classe. Em várias ocasiões, ao
longo deste estudo, vimos que eles se cruzavam. Durante séculos os mesmos jogos
foram comuns às diferentes condições sociais; a partir do início dos tempos
modernos, porém, operou-se uma seleção entre eles: alguns foram reservados aos
bem-nascidos, enquanto outros foram abandonados ao mesmo tempo às crianças e ao
povo. As escolas de caridade do século XVII, fundadas para os pobres, atraíam
também as crianças ricas. Mas a partir do século XVIII, as famílias burguesas
não aceitaram mais essa mistura, e retiraram suas crianças daquilo que se
tornaria um sistema de ensino primário popular, para colocá-las nas pensões ou
nas classes elementares dos colégios, cujo monopólio conquistaram. Os jogos e
as escolas, inicialmente comuns ao conjunto da sociedade, ingressaram então num
sistema de classes. Foi como se um corpo social polimorfo e rígido se
desfizesse e fosse substituído por uma infinidade de pequenas sociedades - as
famílias - e por alguns grupos maciços - as classes. As famílias e as classes
reuniam indivíduos que se aproximavam por sua semelhança moral e pela
identidade de seu gênero de vida. O antigo corpo social único, ao contrário,
englobava a maior variedade possível de idades e condições.
Aries, Philippe. Historia Social da Criança e da
Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981. pp. 194-6.
4. (Puc-rio) a) Em "a partir do início dos tempos modernos, porém, operou-se uma
seleção entre eles (...)", a palavra SE é um pronome apassivador, que
constitui também um recurso linguístico de indeterminação do agente da ação
verbal. Transcreva do texto outro exemplo em que a palavra SE tenha sido empregada
com essa mesma função.
b)
Reescreva o trecho a seguir , empregando os sinais de pontuação adequados.
A
evolução da família medieval para a família do século XVII e para a família
moderna durante muito tempo se limitou aos nobres aos burgueses aos artesãos e
aos lavradores ricos ainda no início do século XIX uma grande parte da
população a mais pobre e mais numerosa vivia como as famílias medievais com as
crianças afastadas da casa dos pais.
Resposta:
a)
"Compreende-se que essa ascendência moral da família tenha sido
originariamente um fenômeno burguês (...)"
b)
A evolução da família medieval para a família do século XVII e para a família
moderna, durante muito tempo, se limitou aos nobres, aos burgueses, aos
artesãos e aos lavradores ricos. Ainda no início do século XIX, uma grande
parte da população, a mais pobre e mais numerosa, vivia como as famílias
medievais, com as crianças afastadas da casa dos pais.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
O acolhimento que dispensou aos seus
projetos o excelentíssimo senhor ministro do Fomento Nacional, animou o russo a
improvisar novos processos que levantassem a pecuária no Brasil. Xandu, com o
cotovelo direito sobre a mesa e a mão respectiva na testa, considerava Bogóloff
com espanto e enternecido agradecimento.
- Ah! Doutor! disse ele. O senhor
vai dar uma glória imortal ao meu ministério.
- Tudo isso, Excelência, é fruto de
longos e acurados estudos.
Xandu continuava a olhar embevecido
o russo admirável; e este aduziu com toda convicção:
- Por meio da fecundação artificial,
Excelência, injectando germens de uma em outra espécie, consigo cabritos que
são ao mesmo tempo carneiros e porcos que são cabritos ou carneiros, à vontade.
Xandu mudou de posição, recostou-se
na cadeira; e, brincando com o monóculo, disse:
- Singular! O doutor vai fazer uma
revolução nos métodos de criar! Não haverá objecções quanto à possibilidade, à
viabilidade?
- Nenhuma, Excelência. Lido com as
últimas descobertas da ciência e a ciência é infalível.
- Vai ser uma revolução!...
- É a mesma revolução que a química
fez na agricultura. Penso assim há muitos anos, mas não me tem sido possível
experimentar os meus processos por falta de meios; entretanto, em pequena
escala já fiz.
- O que?
- Uma barata chegar ao tamanho de um
rato.
- Oh! Mas... não tem utilidade.
- Não há dúvida. Uma experiência ao
meu alcance, mas, logo que tenha meios...
- Não seja essa a dúvida. Enquanto
eu for ministro, não lhe faltarão. O governo tem muito prazer em ajudar todas
as tentativas nobres e fecundas para o levantamento das indústrias agrícolas.
- Agradeço muito e creia-me que
ensaiarei outros planos. Tenho outras ideias!
- Outras? fez em resposta o Xandu.
- É verdade. Estudei um método de
criar peixes em seco.
- Milagroso! Mas ficam peixes?
- Ficam... A ciência não faz
milagres. A cousa é simples. Toda a vida veio do mar, e, devido ao resfriamento
dos mares e à sua concentração salina, nas épocas geológicas, alguns dos seus
habitantes foram obrigados a sair para a terra e nela criarem internamente,
para a vida de suas células, meios térmicos e salinos iguais àqueles em que
elas viviam nos mares, de modo a continuar perfeitamente a vida que tinham.
Procedo artificialmente da forma que a cega natureza procedeu, eliminando,
porém, o mais possível, o factor tempo, isto é: provoco o organismo do peixe a
criar para a sua célula um meio salino e térmico igual àquele que ele tinha no
mar.
- É engenhoso!
- Perfeitamente científico.
Xandu esteve a pensar, a considerar
um tempo perdido, olhou o russo insistentemente por detrás do monóculo e disse:
- Não sabe o doutor como me causa
admiração o arrojo de suas ideias. São originais e engenhosas e o que tisna um
pouco essa minha admiração, é que elas não partam de um nacional. Não sei, meu
caro doutor, como é que nós não temos desses arrojos! Vivemos terra à terra,
sempre presos à rotina! Pode ir descansado que a República vai aproveitar as
suas ideias que hão de enriquecer a pátria.
Ergueu-se e trouxe Bogóloff até à
porta do gabinete, com o seu passo de reumático.
Dentro de dias Grégory Petróvitch
Bogóloff era nomeado diretor da Pecuária Nacional.
(Afonso Henriques de Lima Barreto. Numa e a
Ninfa.)
O Mundo Assombrado pelos Demônios
Sim, o mundo seria um lugar mais
interessante se houvesse UFOS escondidos nas águas profundas, perto das
Bermudas, devorando os navios e os aviões, ou se os mortos pudessem controlar
as nossas mãos e nos escrever mensagens. Seria fascinante se os adolescentes
fossem capazes de tirar o telefone do gancho apenas com o pensamento, ou se
nossos sonhos vaticinassem acuradamente o futuro com uma frequência que não
pudesse ser atribuída ao acaso e ao nosso conhecimento do mundo.
Esses são exemplos de pseudociência.
Eles parecem usar os métodos e as descobertas da ciência, embora na realidade
sejam infiéis à sua natureza - frequentemente porque se baseiam em evidência
insuficiente ou porque ignoram pistas que apontam para outro caminho. Fervilham
de credulidade. Com a cooperação desinformada (e frequentemente com a
conivência cínica) dos jornais, revistas, editoras, rádio, televisão,
produtoras de filmes e outros órgãos afins, essas ideias se tornam acessíveis
em toda parte.
(...)
Não é preciso um diploma de nível
superior para conhecer a fundo os princípios do ceticismo, como bem demonstram
muitos compradores de carros usados que fazem bons negócios. A ideia da
aplicação democrática do ceticismo é que todos deveriam ter as ferramentas
essenciais para avaliar efetiva e construtivamente as alegações de quem se diz
possuidor do conhecimento. O que a ciência exige é tão-somente que façamos uso
dos mesmos níveis de ceticismo que empregamos ao comprar um carro usado ou ao
julgar a qualidade dos analgésicos ou da cerveja pelos seus comerciais na
televisão.
Mas as ferramentas do ceticismo em
geral não estão à disposição dos cidadãos de nossa sociedade. Mal são
mencionadas nas escolas, mesmo quando se trata da ciência, que é seu usuário
mais ardoroso, embora o ceticismo continue a brotar espontaneamente dos
desapontamentos da vida diária. A nossa política, economia, propaganda e
religiões (Antiga e Nova Era) estão inundadas de credulidade. Aqueles que têm
alguma coisa para vender, aqueles que desejam influenciar a opinião pública,
aqueles que estão no poder, diria um cético, têm um interesse pessoal em
desencorajar o ceticismo.
(Carl Sagan. O Mundo Assombrado pelos Demônios.
Tradução de Rosaura Eichemberg.)
PREOCUPAÇÃO COM CIGARRO.
QUE FAZER?
Quando você acende um cigarro,
acende também uma preocupação?
Bem, se você anda preocupado mas
gosta muito de fumar, quem sabe você muda para um cigarro de baixos teores de
nicotina e alcatrão?
Quer uma ideia? Century.
Century é diferente dos outros
cigarros de baixos teores, por motivos fundamentais.
Century jogou lá embaixo a nicotina
e o alcatrão, mas não acabou com seu prazer de fumar.
Isto só foi possível, evidentemente,
graças a uma cuidadosa seleção de fumos do mais alto grau de pureza e
suavidade.
E à competência do filtro especial
High Air Dilution, consagrado internacionalmente.
Não é o cigarro sob medida para você
também?
Pense nisto.
(Texto
de publicidade de cigarros de início da década de 80.)
5. (Unesp) A pontuação serve não apenas para marcar aspectos objetivos do discurso
escrito, mas também aspectos subjetivos, tais como emoções, sentimentos e
intenções do autor. Com base nesta informação,
a)
levando em conta a pontuação, identifique a modalidade de frase utilizada com
frequência pelo ministro Xandu para manifestar sua atitude entusiasta ante as
declarações do russo Bogóloff.
b)
considerando a natureza conativa (persuasiva) do texto publicitário, explique a
razão pela qual predominam na primeira parte deste as frases interrogativas e,
na segunda, as frases declarativas.
Resposta:
a)
O ministro Xandu usa frases exclamativas para manifestar seu entusiasmo diante
do que lhe apresenta Bogóloff: "Singular! O senhor vai fazer uma revolução
nos métodos de criar!" "Vai ser uma revolução!"
"Milagroso!" etc.
b)
A mensagem conativa busca influenciar o receptor, determinar o seu comportamento.
Na primeira parte da mensagem, a predominância de frases interrogativas visa a
envolver o receptor, despertar o seu interesse. Trata-se, na verdade, de
interrogações retóricas, pois são na verdade afirmações feitas sob forma
interrogativa. Na segunda parte, as frases declarativas, que descrevem o
produto que se quer vender, são como respostas às questões com que se buscou
antes envolver o leitor-consumidor, buscando-se, assim, prescrever-lhe um
comportamento.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto 1
Infância
Carlos Drummond de Andrade
MEU
PAI montava a cavalo, ia para o campo.
Minha
mãe ficava sentada cosendo.
Meu
irmão pequeno dormia.
Eu
sozinho menino entre mangueiras
lia
a história de Robinson Crusoé,
comprida
história que não acaba mais.
No
meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a
ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava
para o café.
Café
preto que nem a preta velha
café
gostoso
café
bom.
Minha
mãe ficava sentada cosendo
Olhando
para mim:
-
Psiu... Não acorde o menino.
Para
o berço onde pousou um mosquito.
E
dava um suspiro... que fundo!
Lá
longe meu pai campeava
no
mato sem fim da fazenda.
E
eu não sabia que minha história
era
mais bonita que a de Robinson Crusoé.
[In: Poesia e
Prosa / Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979. p.71]
Texto 2
Minha Vida e Meus Amores
Mon Dieu, fais que je puisse aimer! S. Beuve.
Quando,
no albor da vida, fascinado
Com
tanta luz e brilho e pompa e galas,
Vi
o mundo sorrir-me esperançoso:
-
Meu Deus, disse entre mim, oh! Quanto é doce.
Quanto
é bela esta vida assim vivida! -
Agora,
logo, aqui, além, notando
Uma
pedra, uma flor, uma lindeza,
Um
seixo da corrente, uma conchinha
À beira-mar colhida!
Foi
esta a infância minha; a juventude
Falou-me
ao coração: - amemos, disse,
Porque amar é viver.
E
esta era linda, como é linda a aurora
No
fresco da manhã tingindo as nuvens
De rósea cor fagueira;
Aquela
tinha um quê de anelos meigos
Artífice sublime;
Feiticeiro
sorrir dos lábios dela
Prendeu-me
o coração; - julguei-o ao menos.
(...)
Gonçalves Dias. In:
Poesia e prosa Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p.136
Texto 3
Um cinturão
Graciliano Ramos
Onde
estava o cinturão? A pergunta repisada ficou-me na lembrança: parece que foi
pregada a martelo.
A
fúria louca ia aumentar, causar-me sério desgosto. Conservar-me-ia ali
desmaiado, encolhido, movendo os dedos frios, os beiços trêmulos e silenciosos.
Se o moleque José ou um cachorro entrasse na sala, talvez as pancadas se
transferissem. O moleque e os cachorros eram inocentes, mas não se tratava
disto. Responsabilizando qualquer deles, meu pai me esqueceria, deixar-me-ia
fugir, esconder-me na beira do açude ou no quintal. (...)
Havia
uma neblina, e não percebi direito os movimentos de meu pai. Não o vi
aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda prendeu-me, arrastou-me
para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as costas. Uivos, alarido
inútil, estertor. Já então eu devia saber que rogos e adulações exasperavam o
algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um pobre-diabo. (...)
Junto
de mim, um homem furioso, segurando-me um braço, açoitando-me. Talvez as
vergastadas não fossem muito fortes: comparadas ao que senti depois, quando me
ensinaram a carta de A B C, valiam pouco. Certamente o meu choro, os saltos, as
tentativas para rodopiar na sala como carrapeta, eram menos um sinal de dor que
a explosão do medo reprimido. Estivera sem bulir, quase sem respirar. Agora
esvaziava os pulmões, movia-me, num desespero.
O
suplício durou bastante, mas, por muito prolongado que tenha sido, não igualava
a mortificação da fase preparatória: o olho duro a magnetizar-me, os gestos
ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação incompreensível.
Solto,
fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pisaduras, engolir soluços, gemer
baixinho e embalar-me com os gemidos. Antes de adormecer, cansado, vi meu pai
dirigir-se à rede, afastar as varandas, sentar-se e logo se levantar, agarrando
uma tira de sola, o maldito cinturão, a que desprendera a fivela quando se
deitara. (...)
In: Fragmento de Infância. 32ª
ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 31/32
6. (Puc-rio) a) Lendo os dois poemas, um de Gonçalves Dias e outro de Carlos Drummond
de Andrade, indique marcas de diferença no lirismo presente em cada um deles.
b)
Comente o emprego da palavra "longe" quanto à classe gramatical no
seguinte verso do Texto 1:
a ninar nos longes da senzala - e
nunca se esqueceu
c)
Do texto abaixo, foram retirados todos os sinais de pontuação. Reescreva-o
acrescentando os devidos sinais (faça as modificações relativas a letras
maiúsculas).
Antônio
Gonçalves Dias nasceu em Caxias província do Maranhão filho de português com
mestiça fez no Maranhão seus primeiros estudos e seguiu na sua juventude para
Coimbra onde completou sua formação regressando ao Maranhão sentiu-se
incompatibilizado em seu meio e seguiu para a Corte no Rio de Janeiro
Resposta:
a)
No texto Drumond, o uso econômico e harmonioso do coloquial mostra perspectiva
lírica às lembranças da época da infância que foi vivida na fazenda, num
ambiente patriarcal.
No poema de Gonçalves Dias, os sentimentos
que normalmente são relacionados à infância apresentam-se por meio de imagens e
metáforas da natureza, compondo a retórica exclamativa das estrofes.
b)
A palavra longe, que ocorre geralmente como advérbio, no texto em questão,
aparece como substantivo.
c)
Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, província do Maranhão, filho de
português com mestiça. Fez, no Maranhão, seus primeiros estudos e seguiu, na
sua juventude, para Coimbra, onde completou sua formação. Regressando ao
Maranhão, sentiu-se incompatibilizado em seu meio e seguiu para Corte, no Rio
de Janeiro.
7. (Ufrn) Foram retirados sete sinais de pontuação do fragmento textual inserido
abaixo, que servirá de base para as respostas aos subitens a) e b).
O
revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Tem o poder de vida
ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou
vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não
admirado ou ridicularizado consagrado ou processado. Todo texto tem na verdade
dois autores quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para
ser publicado o autor se coloca nas mãos do revisor esperando que seu parceiro
não falhe.
[Luís F. Veríssimo] "Jornal do
Brasil", 01.11.95.
a)
A fim de resgatar a clareza, pontue o fragmento de acordo com as exigências da
língua padrão escrita.
b)
Considerando o contexto, justifique o emprego da palavra PARCEIRO na última
linha do fragmento.
Resposta:
a)
O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Tem o poder de
vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão (,) ou omissão (,) de
uma letra ou vírgula no que sai impresso (,)pode decidir se o autor vai ser
entendido ou não (,) admirado ou ridicularizado (,) consagrado ou processado. Todo texto tem na
verdade dois autores (:) quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda
um texto para ser publicado (,) o autor se coloca nas mãos do revisor esperando
que seu parceiro não falhe.
[Luís F. Veríssimo] "Jornal do
Brasil", 01.11.95.
b)
A palavra PARCEIRO retoma REVISOR. Mantém-se uma relação mais próxima de quem
escreve e de quem revisa o texto.
8. (Ufg) Leia abaixo o fragmento extraído de "CAROS AMIGOS", n0. 30,
set. 1999. p. 31.
Os
Estados Unidos, há muito, desejam controlar a Amazônia. Não foi por outra razão
que "ambientalistas" americanos iniciaram um movimento para declarar
a Amazônia área de interesse mundial (essa questão foi a pauta não oficial da
Eco-92, realizada no Rio, em julho de 1992).
De
acordo com as possibilidades de emprego das aspas, explique o porquê de o autor
tê-las usado em "ambientalistas".
Resposta:
O
termo "ambientalistas" encontra-se destacado, pois, de certa forma,
atenua quem seriam os verdadeiros ambientalistas (governo e empresários).
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
INTRODUÇÃO:
As questões baseiam-se na primeira parte de num poema do parnasiano Alberto de
Oliveira (1857-1937) e um poema do modernista Oswald de Andrade (1890-1954).
FLOR AZUL - I
Abre
uma flor sem nome entre as flores da serra.
À
quentura do sol e seio azul descerra.
Dela,
por conhecê-la, um sábio pensativo
Aproxima-se,
vai, do parênquima vivo
Das
folhas, observar com a lente estoma e estoma;
Analisa-lhe
o suco, aspira o fino aroma
Ao
seu cálice, toca a leve contextura,
Os
estames lhe conta, o ovário lhe procura
E
sonda; até que enfim: "Ora! - seguro exclama -
É
uma..." E grego e latim, nome híbrido lhe chama Dissonante e confuso. Após
se afasta e some.
E
eu fiquei, flor azul, sem te saber o nome!
In: OLIVEIRA, Alberto de. POESIAS COMPLETAS. Rio de Janeiro: Núcleo Editorial da UERJ, 1978,
vol. II, p. 421.
ESTRONDAM EM TI AS IARAS
Desde
Bilac
Somos
internacionalistas e portugueses júniors
Gostamos
de Camembert, do Nilo, de Frinéia e de Marx Carvões do mar
Náufragos
entre sustos e paisagens
-
"I don'know my elders!"
Desde
Gonzaga
Somos
pastores e desembargadores
Desde
a Prosopopeia
Somos
brasileiros
In: ANDRADE, Oswald de. POESIAS REUNIDAS. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1978, p. 200.
9. (Unesp) A RETICÊNCIA é um procedimento de discurso que consiste em interromper a
sequência de uma frase, devido a diferentes razões, como, por exemplo, evitar
uma expressão chula ou indecorosa, ou deixar de expressar algo que pode ser
facilmente subentendido. Partindo desta informação, releia o poema de Alberto
de Oliveira e, a seguir,
a)
mencione o verso em que ocorre um caso de reticência e justifique a utilização
desse recurso pelo poeta;
b)
explique, com base na leitura do poema, o caráter irônico da fala do poeta à
flor, no último verso.
Resposta:
a)
- Ora! - seguro exclama - / É uma... Dissonante e confuso (...)
As
reticências comprovam que o autor hesita em citar o nome científico das
espécies biológicas.
b)
O tom irônico está no fato de que o cientista desperdiçou tempo e pesquisa na
identificação da "flor sem nome", pois o poeta nem ousa reproduzir,
porque é "dissonante e confuso".
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Meu amigo Marcos
O generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci Marcos Rey há mais de vinte
anos, quando sonhava tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à
atriz Célia Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela
me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era O RAPTO DO GAROTO DE
OURO, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as teclas. Célia marcou um
encontro entre mim e ele, pois a montagem dependia da aprovação do autor.
Quando adolescente, eu ficara fascinado com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro
mais conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma figura
pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando
apertei a campainha. Fui recebido por Palma, sua mulher. Um homem gordinho e
simpático entrou na sala. Na época, já sofria de uma doença que lhe dificultava
o movimento das mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que
nem consegui dizer "boa-tarde". Gaguejei. Mas ele me tratou com o
respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me.
Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz dois anos. Muito
do que sou hoje devo ao carinho com que me recebeu naquele dia.
(WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
10. (Fgv) O texto a seguir constitui a continuação da crônica de Walcyr Carrasco.
Em
cada um dos parênteses, você poderá
( ) colocar uma vírgula ou
( ) colocar um ponto ou
( ) não colocar nada.
Sua
decisão não deverá contrariar as regras de pontuação vigentes. Procure seguir o
estilo - frases curtas - utilizado pelo cronista. O sentido das frases dever
ser coerente com a primeira parte do texto, transcrita no início desta prova.
Quando
decidir utilizar ponto, não é necessário corrigir, com letra maiúscula, a
palavra seguinte. Não reescreva o texto.
Continue
a vê-lo esporadicamente ( ) era alegre
( ) divertido ( ) todo sábado ( ) de manhã ( ) ia tomar cerveja e uísque com outros
escritores ( ) na Livraria Cultura
( ) no Conjunto Nacional ( ) às vezes nos telefonávamos para falar da
vida ( ) escritores costumam ser
competitivos e ciumentos ( ) buscam defeitos
nas obras alheias ( ) como mulheres
vaidosas ( ) comparando vestidos umas
das outras ( ) Marcos ( ) não (
) conheci muitos autores beneficiados por suas opiniões ( ) era generoso ( )
Resposta:
Continue
a vê-lo esporadicamente ( . ) era alegre ( , ) divertido ( . ) todo sábado
( ) de manhã ( , ) ia tomar cerveja e
uísque com outros escritores ( ) na
Livraria Cultura ( , ) no Conjunto Nacional ( . ) às vezes nos telefonávamos
para falar da vida ( . ) escritores costumam ser competitivos e ciumentos ( , )
buscam defeitos nas obras alheias ( , ) como mulheres vaidosas ( , ) comparando
vestidos umas das outras ( . ) Marcos ( , ) não ( . ) conheci muitos autores
beneficiados por suas opiniões ( . ) era generoso ( . )
Links para questões de outras disciplinas: http://araoalves.blogspot.com.br/2013/03/questoes-discusivas-com-gabarito.html
Bons estudos!
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